sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

curso de gestores 2009
















semana da consciência Negra





ano de 2003

Seminário de Orientação de Pesquisa no Curso de Pedagogia




Outubro de 2004



feira das profissões 2008


Feira das profissões 2008


Atividades desenvolvidas junto C.E. Albano Frey


O que temos a comemorar no dia do professor? ...

Arnaldo Nogaro[1]


Mais um dia do professor se aproxima, mais um feriado, alunos felizes por não terem aula, pais aproveitando o feriadão para viajar e, nós professores, com o que nos regozijamos? Com a possibilidade de um descanso prolongado para recompormos nossas energias físicas e mentais? Com o discurso do Ministro da Educação, em cadeia nacional, no horário nobre, parabenizando os professores brasileiros? Com a lembrança ou os cumprimentos de alguns de nossos alunos? Com o abraço afetuoso de nossos filhos que reconhecem a dignidade de nosso esforço e persistência na profissão que escolhemos?
Mais que um dia para comemorações, o dia do professor, remete-nos a reflexões profundas sobre a realidade da educação brasileira, as condições de nosso trabalho e os resultados que temos obtido com o mesmo. Cotidianamente ouvimos professores constatando que seu trabalho já não é mais o mesmo, que a organização em que estão inseridos perdeu a credibilidade, que os pais já não confiam na proporção que confiavam outrora e assim estende-se a lista de lamentações e desabafos.
Por que o trabalho e a profissão de professor teria se transformado tanto? Ou não se transformou? Estariam enganados os que assim pensam e nossos mestres teriam ficado mais sensíveis e menos convictos? O que efetivamente aconteceu com a mais nobre das profissões, no entendimento de Wanderley Codo (estudioso do trabalho docente)? Como as transformações sociais, familiares e no universo do conhecimento afetaram a convicção de nossos professores? Ou estaria eu configurando um quadro de ficção que em nada retrata a realidade vivida pelo magistério brasileiro?
Paulo Freire usava uma expressão muito adequada para falar do professor quando dizia que ele poderia estar abatido, porém jamais destroçado e desesperançado. Em que pesem muitas circunstâncias desfavoráveis em relação à nossa profissão, não somos os únicos que precisamos enfrentar as grandes transformações que a sociedade como um todo vive. Diante disso o que nos deixa mais preocupados (quem sabe angustiados) talvez seja a consciência e o sentimento de responsabilidade que trazemos em nosso âmago, ao acordarmos a cada manhã e sabermos que temos, em nossas mãos, a possibilidade de revertermos expectativas e de alimentarmos a esperança em nossas crianças e jovens como nenhuma outra profissão possui. Sabemos que cada um deles que acompanhamos e contagiamos, com nossa inspiração e nossos sonhos, será um arauto da paz e de uma sociedade de maior equidade e isto pesa no nosso fazer cotidiano.
No dia do professor, em relação ao ano anterior, quem sabe não tenhamos, do ponto de vista financeiro e das condições de trabalho, muitos avanços a comemorar, mas para quem pode estar abatido, porém não desesperançado, há muitas conquistas que precisam ser saudadas. Precisamos reconhecer que o trabalho do professor se faz presente em cada aluno que se alfabetiza, que aprende um novo conhecimento, permanece na escola pelo apoio, incentivo e cuidado do mestre, sente-se encorajado a enfrentar dificuldades e transpor obstáculos, vem para a sala de aula porque alguém ali se importa com ele tratando-o como ser humano, muda comportamentos, respeita o outro e deixa de praticar a violência, alimenta sua vida com valores positivos ... ali estará uma conquista do professor.

Não precisamos de monumentos, nem de homenagens públicas, apenas queremos lembrar que nosso trabalho é construído de pequenos gestos, muitas vezes imperceptíveis aos olhos e mentes desatentos, quiçá para alguns insignificantes, mas que podem salvar vidas.
[1] Doutor em Educação – UFRGS. Professor da URI-Campus de Erechim.

Dependência do mundo virtual

Arnaldo Nogaro[1]

A leitura recente de dois artigos (“Os riscos do excesso de exposição ao mundo virtual”- Revista Pátio, ago/out, 2009 e “A internet transforma o seu cérebro” – Revista Veja, 12 de agosto de 2009) fizeram-me refletir e escrever sobre o assunto. Mesmo sendo um fenômeno novo, tenho lido muito sobre ele por interesse pessoal e acadêmico e confesso que fico um tanto apreensivo com o que tenho constatado.
O ser humano desenvolveu o conhecimento em diferentes frentes, aprimorou a ciência e a tecnologia, acreditando que isto tudo lhe traria maior benefício e qualidade de vida, além de economizar trabalho e diminuir seu esforço físico. Mas o que estamos percebendo é que aquilo que, em princípio, seria um ganho fantástico em prol do homem e da sociedade começa a apresentar sua face mais perversa.
Quem experimentou e utilizou os artefatos tecnológicos existentes não quer mais retornar aos instrumentos e práticas anteriores. Estou socializando minhas angústias em relação ao assunto, não para assustar alguém ou como forma de querer barrar, pregar um afastamento do mundo virtual, até porque isto não seria possível em razão de como nossas vidas estão atreladas a ele, mas com a intenção de levar pais e educadores a prestarem atenção aos comportamentos de nossas crianças e jovens que passam longo tempo expostos à internet, games e outros espaços virtuais.
Nos artigos citados são ressaltados pontos positivos das novas tecnologias da informação e comunicação, bem como elas facilitam e nos auxiliam no dia a dia: quantidade de informação disponível, novas formas de fazer pesquisa, reforço nos circuitos cerebrais que controlam as habilidades tecnológicas explorando outras regiões de nosso cérebro, novas modalidades de relacionamentos pessoais, armazenamento e disponibilidade de dados com rapidez etc. No entanto, o que parece ser um alerta e objeto de nossas preocupações, e a descrição de comportamentos adotados pelos navegantes do mundo virtual e as consequências que começam aparecer depois de uma década e meia de convívio dos usuários, especialmente aqueles que já manifestam dependência: depressão, fobia social, dificuldades na relações interpessoais, baixa tolerância à frustração, baixa capacidade de enfrentamento, ansiedade social e baixa autoestima, perda do ciclo de sono, prejuízos escolares, problemas de atenção etc.
Os relatos apontados por pesquisadores e estudiosos mostram que há casos em que a dependência é tão intensa, frequente e duradoura que prende crianças, adolescentes e jovens por horas seguidas fazendo com que os mesmos nem sequer saiam para se alimentar ou fazer suas necessidades básicas. Este tipo de conduta está despertando o interesse de psiquiatras, psicólogos, médicos, pesquisadores e educadores, em diferentes locais do mundo, que se mostram preocupados com o que têm observado.
Como em outras áreas e descobertas humanas, o problema não está no instrumento, no objeto inventado, mas na capacidade do ser humano em definir até que ponto algo lhe pode ser útil ou prejudicial. O bom senso recomenda que é preciso pensar naqueles que ainda não têm poder ou discernimento suficiente para saber fazer a escolha. É possível deixar para a criança e o adolescente, a decisão do uso e do tempo de permanência no ambiente virtual? A quem cabe seu acompanhamento? Embora o uso das ferramentas tecnológicas seja uma decisão do livre arbítrio das pessoas, a análise não pode ser superficial, pois assuntos complexos não têm soluções simplistas. Ele perpassa o indivíduo, a família, o meio social, a cultura, as instituições que devem estar vigilantes e agir com prudência para que aquilo que foi criado para contribuir com o ser humano não se transforme em terreno fértil para manifestação de outras e novas patologias.
[1] Doutor em Educação – UFRGS. Professor da URI-Campus de Erechim.